Suicídio poético

Pensei em um suicídio poético
Cortar de vez a veia poética
Com um estilete barato, enferrujado de tétano;
Enforcá-la quem sabe;
Pendurá-la ao pescoço no sobrado da morte.

Assim eu perderia a vida?
Deixaria de escrever e de pensar... De amar!
Palavras são como farpas cortantes
Ora nos ferem, ora nos exaltam
Flechas sem rumos, sem destinos.

Eu poderia explodir
Coagir ideias, fatos, memórias
Pensando bem, meu corpo é coagido
De pontos, costuras que unem...
Uma carne a outra, um pedaço de pele.

Pois se assim é a vida
Que me cala, que me consome, que me consola
Eu vou vivê-la de tropeços e acertos
De grandes amizades ao meu grande amor
De poesia suicida e palavras afiadas.


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